9.5.05

Leitura recomendada

A Europa conseguiu mesmo mobilizar para o financiamento da expansão do seu modelo social uma maior proporção dos seus impostos do que noutras circunstâncias lhe seria possível, graças à protecção estratégica que lhe foi assegurada pelo escudo nuclear e pela capacidade militar norte-americana, nomeadamente durante a Guerra Fria e a ameaça soviética. Daí o interessante paradoxo de terem sido as opções políticas dos EUA - que os europeus normalmente contestam e cujo modelo social, mais individualista e menos dependente do Estado, consideram normalmente inferior - e os seus impostos aplicados na defesa militar do Ocidente, a favorecerem uma maior abrangência do MSE que, por sua vez, os EUA criticam e consideram moralmente errado... É assim que a despesa pública na Europa Ocidental foi crescendo de 30% do PIB no início dos anos 60 (27% nos EUA), acelera para 45% na década de 80 (31% nos EUA) e está na casa dos 50% (33% nos EUA)... "A despesa pública europeia não foi nem é "virtuosa" e criou um mundo de ilusões cuja factura cresce exponencialmente! A Europa continental tornou-se um monstro de direitos sociais e de corporações de interesses. A desresponsabilização, crescente e colectiva.

Foi na Europa que se gerou, e em Portugal de uma forma mais acelerada, o conjunto de ilusões que nenhum líder europeu quer alertar ou confrontar os seus citoyens para o seu fim próximo! Muito antes da China, do alargamento a Leste, já a Europa e Portugal viviam com produtividades muito inferiores a um mundo em globalização crescente. Sempre olhei para a pompa e circunstância do Tratado Constitucional Europeu como mais um exercício de retórica e de fuga em frente e que, principalmente, produziu um monstro jurídico onde a incompetência e incapacidade dos Estados em tratar os seus verdadeiros problemas se transferisse para a política externa, na procura do "inimigo" que servisse ao embuste que estava em jogo. Convenientemente surgiu a Administração Bush.