16.6.05

Coroas de flores para comunistas

Do que não se fala, naturalmente em Inglaterra, mas estranhamente em Portugal, é das numerosas referências que Mitrokhin faz ao muito nosso Álvaro Cunhal, bem como aos seus arrabaldes, também conhecidos por PCP.###

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Graças a ele, passamos a ter indícios detalhados de que, nas décadas de 70 e de 80 (em democracia, note-se), o PCP (leia-se o camarada Álvaro) entregou aos agentes do KGB em Lisboa meia tonelada de documentação vária, envolvendo material da PIDE, da NATO e dos Serviços Especiais portugueses. Além disso, era frequente o recrutamento e o envio de elementos do partido rumo à Rússia, visando formação intensiva com os especialistas locais em artes revolucionárias.

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Dantes, semelhante proeza pagava-se com a forca, ou, na falta dela, com cadeia demorada. Hoje, nesta terra, o atestado dos crimes do PCP não suscitou um pio. Onde andam os profissionais da indignação, que tanto se maçam com Jardim, a “hipocrisia” internacional, a ONU e o pobre Clinton? Suspeito que o seu silêncio não se deve à vetusta idade de Cunhal, pois o mesmo argumento não evitou o júbilo pela prisão de Pinochet. E, ainda que assim fosse, não haveria uns camaradinhas mais moços prontos a ocupar Caxias?