9.6.05

Leitura (bastante) recomendada

O referendo francês sobre a chamada Constituição Europeia revelou um facto curioso sobre os líderes políticos em França. Em desacordo acerca da Constituição, mostraram-se quase todos de acordo na rejeição do “liberalismo”. Quem defendeu a Constituição, fê-lo porque lhe pareceu uma muralha de aço contra o liberalismo, e quem a atacou, porque, ao contrário, lhe pareceu uma porta aberta. Em Portugal, os congressos e convenções partidários dos últimos dois meses deixaram transparecer a mesma comunhão espiritual. Do CDS ao Bloco de Esquerda, nada mais se fez do que gritar e espumar contra os “liberais”.

(...)

Há liberais de várias espécies. Une-os a ideia de que as decisões fundamentais sobre o modo de vida de cada um devem ser tomadas pelos indivíduos, e não pelo poder político, como se estivéssemos em tempo de guerra. E é aqui que nasce a raiva dos actuais líderes políticos europeus ao liberalismo. Está em causa o poder deles, tal como o exercem agora, burocraticamente. Porque poderiam exercê-lo de outra maneira, por exemplo, democraticamente. O medo ao liberalismo é o medo à democracia.


[agradecimentos ao Henrique Raposo]