10.6.05

Um ministro dos negócios estrangeiros inviável

Freitas foi ficando muito parecido com Soares. Nas ideias, nas atitudes, no radicalismo. Há duas coisas, porém, que nunca conseguirá imitar do seu antigo rival político: a idade e o estatuto. Por isso, a Soares tudo se desculpa. Por isso, com Freitas, o disparate não tem perdão. Não tem idade, nem construiu um estatuto que lhe permita dizer tudo o que vem à cabeça.###

Mas não pode um professor de Direito ter opiniões sobre o processo de construção política da Europa? Claro, pode e deve. É bom para a democracia que os professores de Direito, de Economia, de Apicultura e de Artes Mágicas tenham e difundam opiniões. O problema de Portugal é ter sociedade civil ausente, não em excesso.

Sucede que o professor Freitas não é um simples membro da sociedade civil. Já foi, quando estava perto de se tornar um ícone do Bloco de Esquerda. Agora tem responsabilidades.

(...)

Poucos perceberam a ida de Diogo Freitas do Amaral para o Governo do engenheiro Sócrates. Mas só o próprio não percebia que precisava mais ele do Governo do que o Governo precisava dele. Não foram precisos três meses para confirmar este tremendo erro de «casting».

No seu mandato já apresenta dois troféus: um cineasta que consumia haxixe num país do Golfo Pérsico; um ex-primeiro-ministro destacado para um alto cargo na ONU. Sendo até hoje pouco claro o papel que o MNE efectivamente assumiu na libertação de um e na eleição de outro.