19.7.05

Ainda sobre Campos e Cunha

Mas a parte melhor e que, pessoalmente, considero a mais "saborosa" do artigo, é o autêntico libelo do ministro contra o "sacrossanto" investimento público, não só pondo em causa a sua eterna "bondade" - "a ideia de que o investimento é sempre algo de bom é errada" - mas desmistificando a ideia feita e erigida ao cume da verdade absoluta de que o crescimento económico é fundamentalmente potenciado por aquele.###

Para o efeito, compara séries longas desde 1981 em Portugal e na Suécia, com elevado investimento público e queda simultânea do crescimento económico no caso português, face à queda brusca do investimento público sueco acompanhada de aceleração do crescimento do respectivo PIB.

Por uma questão de filosofia económica, o ministro não nega em absoluto o investimento público, argumentando que o sucesso relativo da Suécia resultou, não da redução daquele e do desperdício que ele sempre incorpora, mas da melhoria da sua "qualidade". Segundo Campos e Cunha, na "qualidade" do investimento reside o seu efeito multiplicador no crescimento económico e cita o FMI para defender a sua incidência em "projectos com a maior rendibilidade económico-social possível".

Lido isto nas entrelinhas, duas conclusões se poderão tirar:
1. Está por determinar a rendibilidade dos projectos que padecem de "elefantíase", em especial a Ota
e o TGV, muito embora Jorge Coelho garanta que serão um poço de lucros;

2. Com Campos e Cunha a Ministro das Finanças, grande parte do programa económico do governo, designadamente o relativo às obras faraónicas, será para meter na gaveta. Qualquer estudo rigoroso, aconselhará certamente o congelamento definitivo daquelas.