28.7.05

Englesismo, multiculturalismo e portugueses

In all this bile - the rich are parasites, the Left are traitors, the poor smell - we see the distinctive, fastidious Britishness of Orwell: he loved his neighbours best at a distance.
No mesmo jornal surge a notícia das buscas que a polícia efectuou no apartamento de um dos suspeitos das tentativas de atentado da semana passada. Os vizinhos do bombista comentam:
Three separate neighbours of the couple whose flat was raided said their neighbour was the man pictured on the latest CCTV picture.
Jose Monteiro, 32, from Portugal, who lives opposite the raided flat said that he recognised the man.
Mr Monteiro said: "I am 100 per cent, no 110 per cent sure that he is my neighbour."
Ana Christina Fernandes, 29, another neighbour, said: "That's definitely him. I'm really scared now."
Temos uma sociedade que respeita a privacidade de cada um ("A man's house is his castle") e dos seus hábitos, procurando que estes não interfiram na vida dos outros.
Assim encontramos portugueses a viverem no mesmo edíficio que os bombistas sem se terem apercebido que no recesso do seu lar, estes preparavam as bombas. É nesta sociedade, que respeita a liberdade e os direitos individuais, que os que pretendem a sua destruição passam despercebidos e são até protegidos no respeito pela diferença cultural. Mas esse respeito não é mútuo, como se viu no caso do assassinato de Theo van Gogh e das declarações do assassino após o julgamento: voltaria a fazer o mesmo. Os bombistas de Londres, provavelmente, também.
O dilema está em como se poderá proteger essa sociedade sem destruir os valores que a significam.