26.10.05

O choque popular

Parece-me muito improvável que alguma vez o PSD ponha a social-democracia na prateleira. Isto porque nos encontramos num ciclo vicioso em termos políticos: o PSD e os outros partidos têm tendência a "andarem" atrás do que o eleitorado quer (isto significa que neste momento é impossível o PSD virar à direita...) e o eleitorado (a maioria), que não conhece novos modelos, novas alternativas à social-democracia e ao socialismo tenderá a pedir mais do mesmo. Só com um choque isto poderia mudar. Talvez estejamos perto de um choque... Mas tenho dúvidas que havendo um choque, os eleitores se virem para a direita. Infelizmente, é muito provável que se virem para a esquerda demagógica e "facilitista", que oferece o que tem e o que não tem. Gostaria de ouvir a sua opinião André A. Amaral. Obrigado.

Luís Soares do blogue Bom Senso, em comentário deixado aqui.*


À semelhança do Luís, tão cedo não espero ver o PSD afastar-se da social-democracia e abraçar as correntes liberais. Nos dias que correm tal significaria um suicídio eleitoral. É aqui que está o ponto. As sociedades mexem-se, evoluem e os partidos, como todas as instituições, acompanham essa mudança. Reagan e Thatcher não foram impostos a ninguém. Ao contrário, foram eleitos pelos respectivos povos. A sociedade os quis, os escolheu e os aceitou. Por fim agradeceu, deles se recordando como bons governantes que foram.

É aos cidadãos portugueses que cabe exigir mais dos partidos políticos. Por essa razão tenho uma certa esperança no debate que vai sendo feito, de há uns meses para cá, na blogosfera. A mudança começa nas pessoas e quando ela se quer liberal, mais razão há para não esperar que surja nos partidos e respectivas chefias. Eles existem e são indispensáveis à democracia. Cá estarão para representar um eleitorado exigente e numeroso se este quiser reformar o regime.

*Comentários como o do Luís são sempre bem vindos. Infelizmente, nem a todos me é possível dar atempada resposta.