10.11.05

Quem abre em quatro paus?

Segundo o patriarca da nossa democracia, e das sopeiras que cursaram Direito e se sentam no PE, aquela mudez granítica e injusta está a "privar da palavra" os outros candidatos. Ora os candidatos, principalmente o nosso Matusalém, precisam com urgência de matéria sobre que se pronunciarem. Sem isso ficam imerecidamente privados de assunto, vazios de ideias. Ora o único assunto, a única ideia, a única causa, é Cavaco. Com Cavaco petrificado lá longe nas areias do deserto, escasseiam os assuntos, as ideias e as causas. Se esta imobilidade perniciosa persistir, é a própria democracia que está em perigo. Corremos o risco de, em futuros debates televisivos, vermos os candidatos, falhos de assunto, aguardando desalentados por algum pronunciamento de Cavaco, iludirem entretanto a espera com uma partida de bridge, Jerónimo de Sousa sempre a Este e Mário Soares a fazer de morto.

Um debate a dois sem Cavaco ha-de fazer lembrar a reunião de condominos do Gato Fedorento. Imaginem, Soares vs Alegre, Alegre vs Louçã, Alegre vs Jeronimo, Louçã vs Soares, Soares vs Jeronimo (lavagem de roupa suja), Jeronimo vs Louçã (saco de gatos) e para desenjoar o debate dos debates: Louçã-Garcia Pereira, ou Manuel João Vieira-os outros todos.