23.12.05

Leitura recomendada (III)

Soares apostou num combate de boxe com um adversário que não joga boxe e que capitaliza precisamente o sentimento de desencanto e exaustão do País em relação ao boxe político (sentimento esse de que Soares manifestamente não se dá conta). O discurso de Cavaco é nebuloso e equívoco, escondendo os riscos de uma subversão presidencialista do regime? Se a suspeita é legítima, não há pior forma de fundamentá-la do que recorrer à artilharia pesada dos processos de intenção. E existe, também, uma questão de coerência, se nos lembrarmos do activismo do segundo mandato de Soares, que tanto contribuiu para desgastar a governação de Cavaco. Fará então sentido opor ao minimalismo suspeito do discurso cavaquista uma visão minimalista da Presidência?