6.2.06

Em guerra

Os europeus, acomodados ao poder protector dos norte-americanos desde a Guerra Fria, ainda não se tinham dado conta da magnitude do perigo iminente que impende sobre as suas cabeças. ###Esqueceram-se dos 700 anos de lutas na Península, dos corsários sarracenos que ainda no século XIX assolavam as costas do Levante espanhol, chegando tais incursões a Santa Cruz (Cadaval); esqueceram-se das razias na Sicília, das matanças de Rodes e do estupro e degola das religiosas sobre os altares de Santa Sofia, em Constantinopla; esqueceram-se de Mohacs (1526), do cerco a La Valetta (1565), das batalhas de Lepanto (1571) e de Matapan(1716), do cerco a Viena, salva in extremis (1683); haviam-se esquecido do massacre de Chios e do genocídio dos Arménios (1915); haviam relativizado, distanciando as narinas, das práticas correntes de tortura, massacre indiscriminado e purgas que cobrem todo mundo islâmico de cemitérios. Depois do 11 de Setembro, pensou-se que a América "tinha de pagar" e nós, os sempiternos compreensivos, recolheríamos a simpatia dos seguidores do Livro. Pobres tontos, reféns do racionalismo, julgávamos que mesmo um fanático é conversível às subtilezas da faculdade de julgar. Pensávamos que da abastança e seus frutos as trevas da superstição retrocederiam. O sonho acabou.