17.3.06

Recusa do Trabalho e da Mudança

As economias ocidentais, sobretudo as europeias, construiram muralhas em seu redor - barreiras alfandegárias, domínio do conhecimento, controlo das matérias-primas e do capital - que lhes permitiram em boa medida manter e desenvolver um modelo social alimentado pela pobreza do mundo.

A globalização veio eliminar parte do gap existente entre as diversas economias, patrocinando uma maior justiça e uma mais intensa concorrência.

Uma boa parte da sociedade europeia, que nas suas retóricas políticas até entoa a «liberdade», a «justiça» e a «solidariedade», indigna-se com as medidas que procuram tornar o nosso espaço económico mais competitivo perante as novas condições dos mercados. Pretendem manter por via legislativa situações fictícias que necessariamente serão suportadas e repercutidas nos mais fracos, não nos europeus (in casu, nos franceses), mas nos cidadãos dos países que sofrem as verdadeiras consequências dos proteccionismos jurídicos e económicos.

O socialismo é míope, porque apenas busca a solidariedade local, alimentando-se das assimetrias globais e das limitações daqueles que, por estarem longe da vista, são afastados do coração.

Rodrigo Adão da Fonseca

Este post foi publicado na noite de ontem no Blue Lounge, e republicado hoje aqui. O Blue Lounge está inacessível por problemas técnicos que o Blogger ainda não conseguiu solucionar.