17.5.06

Correio dos leitores

O post sobre o tema "Evo no PE" não me deixou indiferente. Por razões profissionais tenho de seguir de perto o que se passa no PE. Aquilo é realmente o Grande Templo do Politicamente Correcto. O Evo fazia lá falta. O Evo fica lá bem. Para sua informação, a intervenção em que o Presidente, Josep Borrell, apresentou o PR da Bolívia foi aplaudida pela Esquerda, mas a do PR boliviano foi aplaudida por todos, vivamente, e de pé. Ele, realmente, "jogou bonito" como agora fica futebolisticamente bem dizer. Até contou como os pais dele eram analfabetos e agora já está em marcha um grandioso programa para a erradicação da iliteracia. Claro que os deputados, na qualidade de guardiães do templo do PC, tinham de aplaudir de pé. É verdade que a Assembleia que aplaudiu de pé foi a daqueles que lá estavam. Como diria La Palice, só aplaudiram os que não tinham ido embora.

Tinha havido, efectivamente, uma tentativa de boicote a montante, com a finalidade de impedir a realização da sessão solene, mas a coisa abortou. O PPE, grupo que destoa (levemente, é certo) do Politicamente Correcto, tentou impedir o evento. Foram, contudo, derrotados pelos restantes partidos e o que é certo é que (quase) todos acabaram a aplaudir o boliviano. Claro que ele também não perdeu a oportuniadade de falar na história da coca e dos cocaleiros e de como há gente malvada que acha que a coca é ilegal para os camponses bolivianos mas já é legal para a multinacional Coca-Cola. Falou em Lula, "hermano mayor", falou em inclusão, no não ao Estado-mendigo... Como não aplaudir de pé um homem destes, ainda por cima vestido "à indígena"? Seguiu-se um período de intervenções de um minuto sobre temas actuais e importantes, mas tanto quanto sei, sobre aquele assunto que se sabe, a tónica foi "moita, carrasco!" . Seguiu-se um reunião do PR boliviano com a Comissão Parlamentar dos Assuntos Externos, tendo estado presente a Delegação para as relações com os países da Comunidade Andina. Não sei se o chefe da comissão parlamentar, Elmar Brok (PPE-DE), esteve presente, nem sei se foi à porta fechada como a de reunião de ontem com o Sr. Abbas, mas gostava de ter apreciado... A tudo isto se seguiu um jantar. Como o fado do embuçado "houve beija-mão real e depois cantou-se o fado"!

Cumprimentos,

RMR