7.6.06

Cálculo económico

Seis dezenas de habitantes da freguesia de Fragoso, concelho de Barcelos, prejudicados com o incêndio, que durante três dias atingiu a zona, realizaram esta terça-feira uma marcha lenta de protesto contra o atraso dos meios aéreos no combate às chamas.

(...)

Segundo Domingos Sá Névoa, um dos organizadores da manifestação, a não comparência de meios aéreos no local fez com que a área ardida, que calcula em 10 mil hectares, "fosse muito superior ao que teria sido se os aviões tivessem atacado o fogo".

[SIC]
Se lhe perguntassem, provavelmente o Sr. Névoa(!) não saberia apresentar valores para as perdas incorridas por todos os proprietários nem o custo do aluguer dos meios aéreos - além de não conseguir prever o diferencial de área ardida, caso tivessem sido usados os referidos meios.

Porém, o Estado também não consegue efectuar semelhante cálculo económico! Até pode saber (de forma mais ou menos precisa) o custo dos aviões, salários dos bombeiros, probabilidades de eficácia dos diferentes meios usados, etc. Falta-lhe, contudo, saber o valor da área que está/vai arder. Essa informação só os proprietários a possuem.

Os protestos acontecem porque não são os proprietários a pagar (directamente) os meios de combate aos incêndios. Para estes, o único custo percepcionado é o valor perdido na propriedade incendiada. Para o Estado, o custo é político - as dotações financeiras para o combate aos incêndios são arbitrárias porque o Estado não consegue calcular o seu custo de oportunidade.