28.6.06

Fábrica de imagens

Seria interessante perceber em que foram gastos os milhões e milhões de dólares, euros e outras moedas que, ao longo de décadas e décadas, têm sido afectados aos palestinianos. Onde estão os livros, as escolas, as estradas, as estações de tratamento de água... que tantas vezes têm sido pagas? Além dos 165 mil funcionários públicos contratados pela Autoridade Palestiniana e daqueles que estão afectos aos diversos e antagónicos serviços de segurança, o que se produz, fabrica e cria nos territórios que estão sob a jurisdição da Autoridade Palestiniana? A crise gerada pela suspensão da ajuda europeia e norte-americana aos palestinianos após a eleição dum governo do Hamas tornou evidente como os palestinianos se tornaram não só absolutamente dependentes destas ajudas mas sobretudo como consideram ter absoluto direito a elas. Mesmo aqueles dirigentesque nos são apresentados como moderados, como será o caso da delegada-geral da Palestina em Portugal, senhora Randa Nabulsi, verbalizam esta reivindicação dos fundos como se estes fossem uma alínea do seu PIB: "Primeiro foi Israel que, há três meses, reteve o nosso dinheiro: 50, 60 milhões de dólares por mês. Os americanos fizeram o mesmo. Mas porquê a Europa? Ficamos espantados com a reacção da Europa", perguntava a delegada-geral da Palestina em Portugal durante uma entrevista ao semanário Expresso. Excluindo o dinheiro retido por Israel, que em parte pode corresponder a verbas tributárias devidas à AutoridadePalestiniana, que dinheiro da Autoridade Palestinina reteve a UE? E os EUA? Dependentes economicamente, os palestinianos são-no também mediaticamente. Por isso não vimos o vídeo da confissão de Wedad Mustafa, não voltámos a ouvir falar de Mohammed al-Doura e não sabemos se iremos voltar a ouvir o nome de Houda Ghalya.