5.7.06

Exigências antidemocráticas

O Bloco de Esquerda (BE) exigiu hoje o fim da criminalização do aborto e anunciou que "apoiará todas as iniciativas" para mudar a lei, após três mulheres e um médico terem sido condenados em Aveiro pela prática de aborto.
Para este partido minoritário, a democracia é um obstáculo aos seus objectivos políticos. Permitir que uma maioria dos eleitores decida em referedo sobre a prática de aborto é, para estes, continuar a "perseguição judicial das mulheres".

Sobre a questão da interrupção voluntária da gravidez, bloquistas - e militantes de outros partidos - afirmam que o direito da mulher ao seu próprio corpo não pode ser, pelo Estado, usurpado. Este argumento é, no mínimo, curioso vindo de estatistas que defendem políticas de confiscação do produto do nosso próprio corpo...

Liberais podem, por isso, sentir-se tentados a concordar com as afirmações daquele partido de extrema-esquerda. Mas o assunto é mais complicado que o BE quer fazer parecer. A discussão não deve limitar-se apenas ao direito da mulher mas deve incluir, também, o direito do feto à vida. Para esse fim, volto a perguntar: quando, durante o período de gestação, deve o feto deixar de ter o estatuto de "parasita"?