19.7.06

Pontos de Fuga

O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger disse um dia que “Nenhum país soberano pode tolerar indefinidamente o crescimento, ao longo de suas fronteiras, de uma força militar dedicada à sua destruição e a implementar seus objectivos por meio de bombardeios e ataques periódicos”. Essa frase mantém a sua total actualidade e resume a encruzilhada em que se encontra Israel desde que nasceu.

Desta feita, a opinião pública e publicada entretém-se, muitos com desconhecimento desculpabilizante, outros com um conhecimento que os veste de hipocrisia e anti-semitismo primário, com o Líbano e com a necessidade de proteger o país do monstro israelita, o Golias que tenta estrangular o David.###

Esquecem esses que tanto se indignam, o direito de Israel existir como país. E a questão, por muito que a História avance, será sempre essa. Se os países vizinhos aceitarem a existência de um estado judaico, a paz é possível e impor-se-á. Se os países vizinhos não aceitarem, como não aceitam, a paz terá de ser conquistada, defendida, alimentada. Não pode pedir-se a um estado que contemporize com acções provindas de outros estados ou organizações terroristas que têm como fim último acabar, precisamente, com a existência desse estado.

Desde sempre que Israel tem buscado uma fronteira-norte pacífica. Acontece que o Líbano foi, e é actualmente, um verdadeiro refúgio para grupos terroristas. Como se deve calcular, viver ao lado de um barril de pólvora não permite grandes alternativas. Israel reiterou repetidas vezes que não desejava nenhum centímetro de território libanês e não é qualquer política de ocupação que está em causa. É essencialmente uma política defensiva. Factos? O Hezbollah, como é sabido de todos, mesmo dos indignados, recebe apoio financeiro e armamentos do Irão, em geral via Damasco. O Hezbollah tem progressivamente adoptado uma escala progressiva de violência contra judeus e contra Israel. O exército libanês, equipado pela Síria, nunca enfrentou o Hezbollah e nem as outras organizações terroristas.

Dizem que a reacção de Israel é desproporcionada. No conforto das suas casas e dos sofás onde lêem a sua propaganda enquanto esperam o almoço, esquecem os defensores dessa tese que Israel vive naquela zona durante 365 dias por ano. Os factos não acontecem e depois desaparecem, como se fossem isolados. A História está para demonstrar isso mesmo. Não se tratou de um rapto a um soldado. Tratou-se de um gesto de força, de ameaça, de confronto. Se Israel contemporiza, em nome do politicamente correcto, terminará dominado e defunto.

E depois claro, há a duplicidade e ambiguidade. Onde estava a indignação aquando das atrocidades do governo da OLP no Líbano? Onde estava a indignação aquando longa e sangrenta intervenção na Síria? É preciso não esquecer que a maioria dos sírios jamais aceitou o Líbano como um país soberano e independente.