9.9.06

Abanão numa imprensa em declínio

A chegada do Sol, o fim de O Independente e a revolução do Expresso representam o maior abanão na imprensa portuguesa dos últimos 15 anos, mas temo bem que o rumo continue por traçar. O Expresso e a sua reformulação gráfica são um bom exemplo de como se valoriza o acessório para não ter de encarar o essencial. O líder do mercado garante que esta é a maior mudança da sua história, mas o que promete ele? "Letra maior", "mais espaço entre linhas", "focos de informação directa e clara", "maiores fotografias", tudo isto em prol de um jornal "mais cómodo", "útil" e "alegre", três adjectivos que têm feito mais mal à imprensa do que a kriptonite ao Super-Homem. As reformulações gráficas transformaram-se na grande panaceia do jornalismo português. Mas, de um modo geral, elas só mascaram a falta de ideias editoriais. De nada servem cabeçalhos novos com velhos hábitos. O que faz falta em Portugal não são jornais mais bonitos. O que faz falta - muita falta - são jornais melhores.