6.9.06

Democracia Mexicana

- Na América, dois dias depois das eleições, já sabemos quem será o próximo presidente.

Ao que o mexicano respondeu:

- Pfff, isso não é nada. No México, nós já sabemos o resultado seis meses antes das eleições.

Durante sete décadas, o PRI comandou os processos políticos no México, onde afirmava-se que a corrupção já estava institucionalizada. Com a eleição de Vicente Fox em julho de 2000, as coisas começaram a mudar. Não é possível, afinal de contas, manter uma estrutura política "engessada" e ao mesmo tempo desejar a inserção em uma nova realidade global. Infelizmente, velhos hábitos são difíceis de esquecer. Os seguidores de Obrador demonstram isso através de sua intransigência e imaturidade.

Se para muitos a democracia no México começou de fato no ano 2000, poderíamos dizer que a confusão que os discípulos de Obrador estão fazendo entre "liberdade de manifestação" e "perturbação da ordem pública" decorre do fato da democracia mexicana ser muito recente. Mas seria uma explicação deficiente por excesso de simplicidade. Afinal de contas, o desrespeito às instituições e as fanfarronadas apenas seguem o padrão do que sempre tem sido a esquerda na América Latina: mais revanchista do que planejadora e previsora, mais romântica do que racional, aproveitando-se sempre do apelo à emotividade para conquistar "corações e mentes".

Caso não haja uma atitude séria e definitiva da parte das autoridades mexicanas diante do comportamento anti-democrático do PRD, o México corre o risco de construir uma democracia malcriada e birrenta, a exemplo do que se tem em outros países da América Latina. Algo bastante contraproducente na realidade do mundo pós-Guerra Fria.

Será a sina deste continente andar sempre na contramão da história?