18.10.06

A culpa não é deles

Os cidadãos portugueses que ocuparam um teatro no Porto não devem ser culpados pelas causas e consequências dos seus actos.
Eles fizeram-no porque o país assim se pôs a jeito. Dados os dinheiros gerido pelos agentes e representantes do Estado, as lutas pela distribuição dos apoios descambam em episódios lamentavelmente rídiculos, patéticos e irrelevantes aos olhos de quem apenas tem de pagar por tudo isto sem poder escolher, por si, a cultura que quer. Claro que as lentes das câmaras dos telejornais ampliam a proporção da birra de quem sempre achou que sabe melhor que ninguém como tirar este país da ignorância cultural. Aos ignorantes, resta-lhes ir pagando enquanto assistem a mais este espectáculo.
Desta birrenta "Rivolução" nada sairá a não ser o reforço das convicções dos que por lá acamparam. Eles estão numa luta de vida ou morte pelo futuro e salvação da Inteligência e do Espírito, os quais, sem o seu inestimável contributo (especificamente o seu, às urtigas o dos que tomassem o seu lugar nas livres escolhas dos ignorantes), reverteriam milhares de anos. Curioso nesta disputa é que os seus aparentes adversários são os mesmos a quem já de seguida irão propôr um subsidiozinho para educar (nem que seja à força de salas vazias) os que não querem ser educados.
Depois admirem-se que outros cidadãos se comecem a barricar em repartições de finanças, reclamando o direito à devolução dos seus impostos malbaratados pelos educadores do Povo.