12.10.06

Leo Strauss: o homem e a sua Cidade (3)

Kojève parece considerar que todo o poder se baseia na força bruta e é, por isso, intrinsecamente tirânico, incluindo nessa condição a aristocracia, vista pelos clássicos como o melhor regime (trata-se, para Kojève, do poder de uma minoria sobre a maioria); para ele, nas condições do mundo moderno, o melhor regime seria «the universal and homogeneous state». Mas Strauss aponta as dificuldades (partindo do pressuposto clássico de que os sábios não têm vontade de poder): um estado universal e homogéneo implicaria o poder absoluto dos não-sábios porque jamais a minoria dos sábios poderia governar sabiamente sem poder absoluto e jamais este lhes seria dado pelos não-sábios, que também jamais adquiririam em conjunto as faculdades dos sábios – a questão torna-se então limitar o poder dos não-sábios e, portanto, de os fazer governar sob a lei (daqui se podem originar as ordens constitucionais: «it is more probable that in a situation that is favorable to radical change, the citizen body will for once follow the advice of a wise man or a founding father by adopting a code of laws which he has elaborated, than that they will ever submit to perpetual and absolute rule of a succession of wise men»